O cultivo de hortaliças é normalmente uma atividade de alto risco e requer cuidados desde a escolha da área para plantio até a colheita. Neste intervalo, centenas de doenças, distúrbios fisiológicos e pragas podem acometer a produção, comprometendo a qualidade e a aparência do produto final. Uma das fases mais críticas do planejamento da lavoura hortícola é a observância da qualidade da muda para o plantio da maioria das hortaliças, tais como alface, couve, couve-flor, brócolis, berinjela, repolho, pimentão e tomate. Não há como se obter uma produção bem-sucedida utilizando mudas de má qualidade sanitária ou fisiológica.

As empresas de semente – primeiro elo da cadeia produtiva – são responsáveis por altos investimentos em projetos de melhoramento e desenvolvimento genético das cultivares; mas se o segundo elo da cadeia produtiva, o viveirista ou, diretamente, o produtor, não investirem na qualidade da produção das mudas, pouco valem as altas somas e anos de pesquisa investidos na genética das sementes. Uma muda malformada ou “fraca” compromete todo o desenvolvimento da cultura e, consequentemente, o volume e a qualidade da produção. Assim como a semente que a originou, a muda é a base fundamental para todo o processo produtivo. Utilizar mudas de qualidade é um passo importante para garantir maior produtividade e melhor uniformidade na produção.

Nas últimas décadas, a atividade de produção de mudas de hortaliças vem evoluindo de forma significativa devido ao avanço da tecnologia, que introduz novos insumos e práticas de manejo. Nesse sentido, a Fazenda Ituaú (Salto/SP), que atua desde 1991 na produção de hortaliças em estufas, vem desenvolvendo alguns testes de produtos e manejo, visando melhorar a produtividade, o aproveitamento da área de produção, e a qualidade dos produtos finais.

Com relação ao manejo das plantas, na contramão da maioria dos produtores que deseja estender ao máximo possível o ciclo das plantas na área de produção, Cyro Cury Abumussi – proprietário e responsável pela área de produção da Fazenda Ituaú, também consultor pela Projeto Agro Consultoria – está testando uma nova técnica na produção de tomates de mesa, que é emprego do “mudão”.

Essa técnica nada mais é do que fazer a muda se desenvolver no viveiro por mais tempo, ganhando massa vegetativa e antecipando o início da colheita. Em alguns estudos, o “mudão” fica no viveiro até a saída da primeira florada diminuindo ainda mais o tempo do início da colheita. Nesse caso o tempo da muda no viveiro é de 60 dias. Nos testes desenvolvidos na Fazenda Ituaú, a técnica tem sido empregada com sucesso, visando obter 3 ciclos de produção em um mesmo ano. Considerando que a planta dê 8 a 10 floradas (inverno/verão) para, então, cortar seu ponteiro (e assim, adiantar seu metabolismo), consegue-se encerrar a colheita em 2 meses, que é o mesmo tempo de desenvolvimento do próximo “mudão”.

Como plantas jovens são mais resistentes e mais produtivas, o produtor visa com esse manejo, ter uma maior produtividade por área/ano em um menor tempo de produção. O chamado “mudão” pode ser conduzido com 1 até 4 hastes, adequando-se o espaçamento entre plantas de acordo com sua escolha. Optando por maior quantidade de hastes, deve-se ter menos plantas por metro quadrado.

Mas, isso não quer dizer que a produção será menor, lembrando que cada haste é considerada uma parte produtiva. É muito importante que o produtor aprimore o aproveitamento da área de produção adequando distância entre linhas, entre plantas e números de hastes para melhorar sua produção por área. Por exemplo, em um vão de 7 metros de estufa, com cinco ou seis linhas simples de vasos, só será viável a condução de 1 haste por planta; por outro lado, em uma produção com quatro linhas é possível conduzir 2 hastes, aumentando em pelo menos 30% o número de floradas. Todavia, estudos de manejo como este precisam ser aprimorados, a fim de demonstrar aos produtores convencionais que é possível evoluir a área de produção em busca de uma produtividade melhor.

Em breve colocaremos mais fotos do desenvolvimento da produção, do início à colheita. Fiquem atentos!