A SOB promoveu, no período de 25 a 30 de julho de 2004, o 44º Congresso Brasileiro de Olericultura (CBO), realizado em Campo Grande, MS. Nesse ano, o tema escolhido foi “Hortaliças – novos rumos, diversificação e renda” e a palestra de abertura foi proferida pelo Chefe Geral da Embrapa Hortaliças, Dr. José Amauri Buso. Foi um assunto bastante oportuno porque a queda na renda per capita do brasileiro vem provocando redução sensível do consumo de hortaliças no país, destacando-se as regiões Sudeste e Sul, maiores centros produtores e consumidores de hortaliças.

Preocupada com esse quadro e com a saúde do brasileiro, a comissão organizadora elaborou temas importantes que foram abordados e amplamente discutidos durante o evento. Foram apresentadas diversas palestras e mesas-redondas, com presença de especialistas das áreas médica e de nutrição e de representantes da cadeia produtiva de hortaliças. Merece destaque a presença maciça dos congressistas em todas as palestras e mesas-redondas programadas.

Na área de hortaliças, foram realizadas as seguintes mesas-redondas:
“O desafio do Brasil na comercialização e exportação de hortaliças”, com os seguintes participantes: Eng. Agr. Eduardo Kage Mori – COOPADAP, Cyro Abumussi – Fazenda Ituaú, Eng. Agr. Leonardo Miyao – Pão de Açúcar – Sandra da Conceição – Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, e Prof. Eugênio Ávila Pedro – UFRGS.

Cyro_44Congresso_Horticultura_2004

“Estratégias para valorização do consumo de hortaliças para a saúde”, com a participação de: Prof. Sonia Tucunduva Philippi – USP, Dra. Clara Takaki Brandão – médica e nutróloga; Cyro Abumussi – Fazenda Ituaú, e Fábio Hertel – Instituto Brasileiro de Orientação Alimentar. A discussão do tema foi muito produtiva e os membros dessa mesa-redonda trouxeram contribuição esclarecedora e proveitosa sobre o assunto. Foram mostrados resultados científicos comprovando que hortaliças e frutas são elementos essenciais para a prevenção de doenças importantes, incluindo a obesidade, países dos quatro continentes estão promovendo campanhas visando estimular o consumo de produtos hortícolas. Entre essas campanhas destaca-se a “5 ao Dia”. O programa “5 a Day for Better Health” (http://www.5aday.gov/ e http://www.5aldia.es) foi criado na Califórnia em 1988, por iniciativa do Instituto Nacional do Câncer. Num esforço conjunto entre instituições públicas e privadas, o programa tem como objetivo que, até 2010, 75 % dos norte-americanos estejam consumindo ao menos cinco hortaliças e frutas por dia. Com o sucesso do programa, em 1991 foi criada a Fundação para uma Saúde Melhor (Produce for Better Health Foundation) e, a partir de 2000, o programa passou a ser chamado simplesmente de “5 a Day”.

O consumo de hortaliças em geral foi defendido enfaticamente pela Dra. Clara como alternativa para diminuir a desnutrição nas comunidades carentes. Ela citou como exemplo, a utilização de hortaliças folhosas de coloração verde-escura no lugar daquelas de tonalidades mais claras.

Por sua vez, a Profa. Sonia mostrou algumas estratégias para a implementação do consumo de hortaliças, popularmente conhecidas como verduras e legumes:

  • Políticas públicas nas áreas da saúde, educação, agricultura e econômica;
  • Implementação de um guia alimentar para a população brasileira com um ícone e imagens dos alimentos;
  • Programas integrados com todos os setores da sociedade civil organizada;
  • Trabalhos técnicos multi e interdisciplinares, com parcerias e otimização de recursos humanos, materiais e financeiros;
  • Difundir o conhecimento sobre o valor nutritivo das frutas e hortaliças, formas de aquisição, como consumir e os benefícios sobre a saúde: o efeito protetor sobre as doenças e a prevenção de doenças (sociedades, universidades, produtores, supermercados, ONGs, governo, mídia);
  • Incentivar o consumo de hortaliças em cardápios institucionais: creches, programas comunitários, etc.
  • Inclusão de conteúdo didático nas escolas de ensino fundamental;
  • Informação aos profissionais que trabalham com a saúde, a educação, a produção, e a distribuição de alimentos e mídia;
  • Informação ao consumidor (elaboração de materiais instrucionais escritos, vídeos) sobre valor nutritivo, formas de preparar; propriedades dos alimentos funcionais;
  • Incentivo e recursos à pesquisa nas universidades e institutos de pesquisa sobre: hábitos de consumo de alimentos das populações por regiões do Brasil; desenvolvimento de certificação de qualidade e informação sobre o valor nutritivo; rastreabilidade e monitoramento; novas tecnologias de cultivo, novas variedades, melhoria do valor nutritivo, conservação e sabor; segurança alimentar; cadeia de fornecimento; preservação do meio ambiente.

Fonte: http://www.abhorticultura.com.br/news/Default.asp?id=1315